Já faz 3 anos. Me lembro como se fosse ontem do momento em que me despedi dos colegas especialistas na Microsoft Brasil e fui atrás de todos os preparativos para retornar ao interior de São Paulo (mais precisamente São José do Rio Preto) a fim de iniciar a caminhada em busca de outro grande sonho: a de construir uma empresa de tecnologia que vivesse do desenvolvimento de um produto que fosse realmente útil para as pessoas e que de alguma forma, impactasse positivamente a vida das mesmas. Claro, que desse algum dinheiro também. Aliado a isso, o sonho de que esta empresa fosse um lugar aprazível, interessante e desafiador ao mesmo tempo, para todos os que ali estavam dedicando horas do seu dia para a realização deste projeto.
A Conio
Assim, em Outubro de 2011 surgia a Conio Soluções em Tecnologia. Tudo era novo pra mim. Muito embora já estivesse no mercado de tecnologia há alguns anos e tivesse uma ideia clara de onde estava saindo e onde queria chegar, me sentia um completo aprendiz em minha nova matéria: Empreendedorismo.
Iniciei este sonho sozinho, em uma sala minúscula de 20m quadrados. Sozinho é modo de dizer, claro. Minha esposa esteve comigo todo o tempo dando todo o suporte necessário, financeiro inclusive (sim, esta foi uma dura lição que aprendi: quando se constrói um produto, o retorno sobre o investimento pode demorar consideravelmente). Sozinho codifiquei durante aproximadamente 4 meses cada linha do sistema. Após este período, encontramos a primeira instituição que acreditou na ideia que estávamos propondo (veja no parágrafo a seguir) e topou aplicar a metodologia em algumas das escolas de sua rede de ensino. Me refiro a Rede Adventista de educação. Com isso, chegou uma primeira pessoa para me auxiliar no desenvolvimento do sistema e aí a coisa começou a andar (em passos de tartaruga é verdade, mas a andar).
O produto a que me refiro (já conhecido nacionalmente como “EducaNet“), tinha um objetivo muito claro: melhorar o processo de aprendizagem dos alunos nas escolas de ciclo básico (base do ensino no Brasil) através de uma metodologia de avaliação inovadora, conhecida como “recuperação personalizada”. Em linhas gerais, o sistema deveria através da combinação de recursos inteligentes dar insumos para que os docentes das instituições de ensino pudessem recuperar seus alunos de acordo com suas dificuldades reais e não de forma nivelada pelo todo (como acontece em 99% das escolas hoje em dia).
Individualizar o ensino, que missão complexa. Felizmente, 1 ano após início das atividades, já tinhamos mais interessados na ideia e aquele sistema que inicialmente tratava apenas disso (recuperar alunos) se tornou uma plataforma de serviços voltados para instituições de ensino. Mais pessoas chegaram para ajudar e o EducaNet se tornou de fato, uma ferramenta competitiva no mercado de tecnologias voltadas para educação.
Nestes quatro anos que estive a frente da Conio experimentei de tudo. Elogios e críticas de clientes e colaboradores, escassez de dinheiro e outros recursos (técnico inclusive), gente dentro da empresa jogando contra o crescimento dela, inadimplência, mudança de prédio, decisões tecnológicas para os produtos, desenvolvimento de coisas que não estavam como prioridade em nosso roadmap mas que os clientes solicitavam, corte da própria retirada por tempo indeterminado, crescimento significativo de faturamento, queda significativa de faturamento, definição de setores, compartimentalização, ações de marketing, erros em contratações, acertos em contrações, jogadas comerciais, enfim, a lista cresce muito ainda.
Hoje, felizmente, mesmo em meio a uma grave crise econômica pela qual o país atravessa, a Conio está de pé e não apenas isso, com vida própria. Não dependemos de bancos e/ou financiamentos para viver, nosso capital de giro é próprio. Não dá pra dizer que estamos sólidos porque nenhuma empresa é sólida em um mercado tão incerto como o que nosso país apresenta, mas dá pra dizer que a Conio está bem, com lastro, gordura. A Conio possui um ecosistema de parcerias interessante, possui clientes satisfeitos, possui ótimos índices de avaliação e cresce em um ritmo totalmente fora da curva do mercado brasileiro. Sim, os problemas estão lá, aparecem diariamente, graves em maior ou menos escala, mas são resolvidos por uma equipe extremamente comprometida com as entregas e extremamente focada na satisfação do verdadeiro dono de qualquer empresa – o cliente.
A Microsoft e um projeto pessoal
Quando saí da Microsoft, saí com a sensação de que ainda não havia contribuído com tudo o que eu podia não apenas com a empresa mas principalmente, com minha carreira e desta forma, mantive o mind set de que em algum momento voltaria para a empresa aprender mais e para completar tudo o que eu gostaria em termos profissionais. Fiquei com a sensação de ciclo interrompido mas não fechado, sabem como é isso?!
Sai da Microsoft no início de 2011 e de lá pra cá recebi alguns convites da empresa para que pudesse retornar ao quadro de colaboradores aqui no Brasil. Infelizmente por uma questão de timing (estava 100% focado em viabilizar a Conio como empresa), não pude aceitar os convites que recebi neste período. Sim, a Conio era o Fabrício e eu sabia que isso não mudaria do dia para noite. Sabia que a empresa precisaria se desenvolver, criar resistência para que essa dissociação pudesse acontecer.
Há alguns meses recebi um novo convite. Pensei, ponderei bastante com minha família sobre esta oportunidade e cheguei a conclusão de que o momento de completar o ciclo ao qual me referi anteriormente, havia chegado. Ainda mais porque o convite que chegou era para atuar em um dos times mais bacanas (ao meu ver) da subsidiária brasileira e em uma posição ainda mais legal. O time ao qual me refiro é o de Technical Evangelists (TE’s), liderado pelo grande Danilo Bordini (@dbordini) e que conta com profissionais extremamente gabaritados: Caio Garcez (@Caio_garcez), Vinicius Souza (@vbs_br), Osvaldo Daibert (@daibert), Fabricio Catae (@fcatae), Marlon Luz (@marlonluz) e claro, o grande Fabio Hara (@fabiohara). Já sobre a vaga, me refiro a de Technical Evangelist dedicado para Microsoft Azure.
Me junto a este time de feras para ajudar a disseminar o Microsoft Azure Brasil a fora, mostrando sob o ponto de vista técnico, as inúmeras vantagens para qualquer tipo ou tamanho de empresa na adoção da plataforma.
Por que mudar se tudo está bem?
Os mais próximos podem estar se perguntando: mas se está tudo ok, por que esta mudança agora?
Como mencionei em algum momento anteriormente, senti que algo ficou incompleto a quatro anos e para realização profissional pessoal, sinto que preciso completar este ciclo (voltar a Microsoft e fazer um bom trabalho). Entregar aquilo que for requerido com agilidade, competência e qualidade.
Além disso, senti que o momento é favorável. A oportunidade apareceu em um momento em que a empresa independe do Fabrício, está bem servida de profissionais (em todas as áreas é importante observar) e crescendo de forma sustentável. Ou seja, tudo conspirou a favor.
Além disso, existe o aspecto do “sentimento pessoal”, do qual todos somos munidos. Senti que era a hora certa e aceitei, simples assim. Como Einstein disse: “A vida é como andar de bicicleta. Mantenha o movimento que ela continuará balanceada.”. Estou mantendo o movimento para ter equilíbrio ;-).
Impactos nesta nova fase
É evidente que toda mudança possui reflexos e neste caso não será diferente.
No aspecto empresa (me refiro a Conio), absolutamente nada mudará para nossos clientes e parceiros. Como disse anteriormente, a Conio possui vida própria, não depende mais do Fabrício para sobreviver e entregar suas demandas. A operação da Conio será assumida e dividida de forma integral por duas pessoas da maior competência: Maria Angélica S. F. Sanches e o Lucas Sanchez. O Lucas vem sendo preparado já há um bom tempo para assumir tal função. A Angélica está na empresa desde seu início e já cuida da parte financeira da mesma. A Conio está entregue em excelentes mãos.
No aspecto pessoal a mudança será considerável, uma vez que minha base hoje está em São José do Rio Preto. Vou na frente e aguardo a movimentação de minha esposa para SP nos próximos meses.
Outra mudança que necessariamente ocorrerá é a suspensão do meu título de MVP (Most Valuable Professional) e isso é bem triste pra mim. Adoro fazer parte do programa mas, este será um mal necessário. Como vocês bem sabem, o título de MVP é outorgado a profissionais independentes, que compartilham conteúdos das tecnologias da Microsoft mas que não possuem um vínculo direto com a mesma. Como esta realidade não se aplicará mais ao Fabrício, passarei a vaga para que outro profissional possa assumir. 2015 marcará (pelo menos por hora) minha última participação no MVP Summit.
Meu site está mantido (e deverá tornar-se ainda mais dinâmico), meus perfis no Twitter e no Facebook estão mantidos e meus emails também. Permaneço a disposição de todos vocês para responder questionamentos, trocar ideias sobre Azure ou outras tecnologias da Microsoft ou qualquer outro tipo de interação.
As contribuições e postagens aqui no site deverão aumentar consideravelmente, uma vez produzirei bastante conteúdos para a comunidade como TE de Azure. Talvez o que ocorra é que o site fique mais especializado para esta tecnologia e se torne um guia de referência para interessados na plataforma de nuvem da Microsoft.
Finalizando
Bom pessoal, é isso. Espero encontrá-los nos eventos Brasil a fora, aqui no site e/ou nas redes sociais. Fiquem ligados nos meus perfis nas redes sociais pois devo comunicar várias coisas através deles: postagens aqui no site, eventos, novidades no Azure, enfim, tudo o que for relacionado.
Se passarem pelo escritório da Microsoft, não deixem de mandar uma mensagem para tomarmos um cafezinho juntos.
Um forte abraço a todos!
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