Eram exatas 17h (horário de Brasília) quando Scott Guthrie (@scottgu) subiu ao palco em São Francisco, CA para realizar um dos keynotes mais aguardados dos últimos tempos. O que fez do Meet Azure um evento tão aguardado foi justamente a expectativa em relação ao que seria anunciado em termos de features para a plataforma. Muito se especulava e, após semanas de espera, finalmente tivemos as novidades anunciadas em maiores detalhes.
Assim, com este post pretendo apresentar as novidades em relação ao Windows Azure e como você já pode testar os novos recursos gratuitamente. Apresento também algumas mudanças que ocorreram em relação aos recursos já disponibilizados anteriormente.
Algumas considerações
Quando Scott Gu (forma na qual é mundialmente conhecido) foi anunciado como CVP de Windows Azure eu particularmente não gostei. Pensei: “Não faz muito sentido um core developer cuidar de uma vertical de cloud computing. Acho que a Microsoft fez besteira.”. Com os anúncios realizados no Meet Azure, pude comprovar o quanto estava enganado. Com ele a frente, o time cresceu, implementou recursos que atendem à demandas bem mais reais e a plataforma tornou-se ainda mais robusta e rica.
Em relação aos recursos anunciados, muitos deles já eram solicitações antigas de clientes, parceiros e da comunidade técnica. Felizmente, a Microsoft possui a filosofia de ouvir o mercado e como resultado, consegue entregar produtos que atendem as necessidades do mesmo e com Windows Azure, não foi diferente.
Nesta nova release, Windows Azure apenas incrementou novas features. Nada foi removido da plataforma, entretanto, alguns recursos mudaram as nomenclaturas. A seguir apresento as mudanças.
- Windows Azure App Fabric não existe mais. Agora, os recursos são chamados individualmente seguindo o padrão apresentado nos ítens abaixo.
- Antigo: SQL Azure
Novo: Windows Azure SQL Database - Antigo: App Fabric Service Bus
Novo: Windows Azure Service Bus - Antigo: App Fabric Cache
Novo: Windows Azure Cache - Antigo: App Fabric Access Control Service
Novo: Windows Azure Identity / Windows Azure Active Directory - Antigo: Windows Azure Network
Novo: Windows Azure Private Network
Os recursos restantes permanecem com seus respectivos nomes inalterado. Por exemplo: “Windows Azure Tables” continua como “Windows Azure Tables”, e assim sucessivamente.
Os novos recursos
Vamos então as novidades (e não são poucas).
1. Novo portal de gerenciamento
Uma das primeiras mudanças a serem notadas e amplamente elogiadas por todos (para algumas pessoas antes mesmo do anúncio oficial) foi o advento de uma nova versão do portal de administração do Windows Azure.
O modelo antigo escrito em Silverlight deu lugar há um novo, todo desenhado seguindo o padrão “Metro Style” com HTML 5, CSS 3 e jQuery. Os recursos de administração estão melhor distribuídos ao longo das telas. A interface é mais bonita, responsiva e rica, além de dispensar a necessidade de instalação de qualquer plugin para que o portal possa ser acessado.
Toda comunicação da interface web com o Windows Azure é realizada através do modelo REST via Service Management API. Esta API fornece todos os recursos necessários para que você possa implementar suas próprias ações junto ao Windows Azure (como auto-scalling, por exemplo).
Se você já possui uma assinatura do Windows Azure mas ainda não teve acesso ao novo painel de administração, você pode o solicitar através da opção “Leve-me até o novo portal de gerenciamento”, localizado no rodapé do painel de gerenciamento antigo. As Figuras 1, 2 e 3 apresentam algumas imagens do novo portal de administração.
Figura 1. Nova tela de monitoramento dos recursos de storage
Figura 2. Criando uma nova role
Figura 3. Dashboard de administração da role recém criada
2. Infraestrutura como Serviço (IaaS)
Este é um recurso amplamente clamado pelo universo de TI. Perdi as contas de quantas pessoas me perguntavam: “Fabrício, mas e se eu quiser migrar meus servidores virtuais para nuvem, não posso?”.
Até o dia 06/06, Windows Azure não oferecia um modelo de máquinas virtuais persistentes isto é, seguindo apenas o modelo nuvem PaaS, de tempos em tempos o Windows Azure reciclava (e ainda recicla) as instâncias virtuais (modelo não persistente). Se você está acompanhando a série sobre Windows Azure aqui do site, já está familiarizado com este conceito.
Com o anúncio do novo release do dia 07/06, Windows Azure passou a ser uma plataforma que oferece suporte a IaaS (Infrastucture as a Service). Na prática, o que o time do Windows Azure fez foi adicionar um novo modelo de computação de máquinas persistentes. Agora, ao subir uma instância virtual para o Azure, você tem a garantia de que ela não será reciclada (destruída). Além disso, agora o usuário da plataforma é o responsável pela administração da máquina virtual, incluindo: licenças de software, instalação e configuração de componentes, atualização de sistema operacional, manutenção de anti-virus e todas as demais atribuições de adminitração de servidores.
Nesta release, Windows Azure suporta máquinas virtuais oriúndas de Hyper-V e VMWare. Outra novidade associada esta nova feature, é a possibilidade de executar máquinas virtuais com Linux, em diversos “sabores”. Inicialmente, as distribuições suportadas no Windows Azure são:
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Suse Linux Enterprise Server 11 SP2
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OpenSuse 12.01
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CentOS 6.2
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Ubuntu 12.04
Para utilizar as máquinas Linux, o usuário terá duas opções: a partir de uma galera de imagens virtuais disponíveis no próprio Windows Azure ou ainda, subir sua própria instância de máquina virtual e “rodar” a distribuição de sua preferência.
As Figuras 4, 5 e 6 a seguir apresentam o Azure criando uma máquina virtual com Ubuntu Server a partir da galeria de imagens disponibilizada pela plataforma. Em artigos futuros veremos em maiores detalhes como trabalhar com as diferentes formas possíveis para este recurso baseado em cenários reais.
Figura 4. Selecionando a versão de imagem que será executada na máquina virtual
Figura 5. Configurando a máquina virtual
Figura 6. Parametrização de aspectos de storage
3. Suporte a WebSites
Para quem desenvolve aplicações web, esta é provavelmente a melhor das novidades. Windows Azure Web Sites (este é o nome oficial do recurso) é mais um ambiente de computação disponibilizado no modelo PaaS. Agora, além das já tradicionais web roles, você tem a possibilidade de hospedar suas web apps de forma muito parecida ao modelo tradicional já conhecido de hosters, entretanto, com alguns aspectos diferenciais, os quais menciono a seguir e usufruindo de todos os benefícios da plataforma de nuvem da Microsoft.
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Integração com Git e TFS: uma das solicitações que ocorriam de forma recorrente por parte de profissionais de desenvolvimento, era que o Azure disponibilizasse algum modelo de integração com Git e TFS. Pois bem, o time de produto do Windows Azure disponibilizou nesta última release. Agora, com comandos simples via Git ou TFS, você pode publicar sua aplicação no ambiente de websites.
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Integração com WebMatrix 2 RC: na última semana tivemos a disponibilização do RC (Release Candidate) da ferramenta de desenvolvimento web gratuíta da Microsoft – o WebMatrix (você pode encontrar mais informações sobre ele seguindo este link). Uma das novidades é que agora, você poderá publicar sua aplicação construída com WebMatrix (seja com ASP.NET Web Pages via Razor ou PHP) diretamente no ambiente de Web Sites do Windows Azure. Legal não?!
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Galeria de aplicações: Windows Azure Web Sites agora atende o público que precisa ter um website mas não necessariamente conhece de programação. Isto é feito através da “galeria de aplicações” dentro do novo ambiente de Web Sites. Com alguns cliques, você poderá instalar e configurar as principais aplicações web open source do mercado, como: WordPress, Joomla!, Drupal, DotNetNuke, mojoPortal, dentre outros.
Vale lembrar que, você pode ter o acesso há 10 websites gratuitamente através de sua assinatura, seja ela MSDN subscription ou de avaliação (trial de 90 dias). Se você ainda não possui a assinatura e deseja fazê-la, basta seguir este link.
As Figuras 7, 8, 9 e 10 apresentam algumas operações mencionadas anteriormente sendo realizadas em ambiente de produção.
Figura 7. Monitorando os recusos associados ao website: fabricio.azurewebsites.net
Figura 8. Criando um novo site com base em um banco já existente
Figura 9. “Setando” as configurações de banco de dados
Figura 10. Ambiente para publicação via Git pronto
4. Atualização e novos recursos nos SDK’s
A release do dia 07/06 trouxe novidades também em relação aos SDK’s de desenvolvimento para Windows Azure. As linguagens já suportadas anteriormente se mantiveram, entretanto, melhorias significativas foram incorporadas (tais como: incremento de performance, novos recursos de segurança, dentre outros).
Além disso, usuários de Mac OS (sim, é isso mesmo, você não está lendo errado) poderão agora escrever suas aplicações para Windows Azure com recursos de desenvolvimento especificamente para o sistema da maçã. O vídeo abaixo apresenta uma demonstração do SDK para Mac OS em ação.
[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=SWBLiCwAiMM” title=”PHP%20no%20Windows%20Azure%20no%20Mac%20OS”]
5. Gerenciamento de cache
Windows Azure trouxe uma ampla melhoria também no gerenciamento do recurso de cache. Agora, Windows Azure Cache implementa uma engine mundialmente conhecida para este fim, o MemCached. É uma melhoria a nível de background, mas que proporcionará ganhos de performance consideráveis.
6. Redes Virtuais Privadas
O recurso de Rede também foi melhorado.
Agora a infraestrutura local possui poderes reais para trabalhar em um modelo híbrido. Através de recursos de criptografia e IP Sec, você pode por exemplo, realizar autenticação de aplicações online em ambiente on-premisses.
7. Windows Azure Active Directory
Autenticação sempre foi um grande problema para a grande maioria das aplicações, principalmente em ambientes híbridos.
A nova release do Windows Azure troxe um modelo robusto de autenticação que integra diferentes modelos e serviços de autenticação. Por exemplo, hoje, sua aplicação poderá utilizar o módulo autenticador do Windows Azure para validar informações através de AD, Facebook, Google, Live ID, dentre outros. Tudo de forma integrada, performática e com alta disponibilidade.
8. Sharepoint no Windows Azure
Outra novidade muito esperada por boa parte da comunidade técnica, é a possibilidade de executar instâncias de sharepoint no ambiente de nuvem pública. Com a nova release, como o Windows Azure implementa AD tanto no modelo híbrido quanto no modelo de nuvem (isso é um pré-requisito para colocar Sharepoint no ar), você poderá subir novas instâncias da ferramenta.
Ufa, são muitas novidades não?!
Agora, é pegar sua assinatura e “brincar” com os novos recursos.
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